Cristianismo: guia básico para desfazer equívocos (Parte 6 - o que é pecado?)



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Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. (Gênesis 3:1-5).

O pecado é um assunto muito importante quando falamos do cristianismo, porque é pela compreensão de pecado que toda a fé em Cristo, a ideia de arrependimento e a necessidade de salvação tem sentido. O pecado, de forma mais básica, é a desobediência à vontade de Deus, a quebra da lei divina. Quando Deus criou o homem e o pôs no Éden, estabeleceu apenas uma regra: que não se comesse da árvore que estava no meio do jardim. De todas as árvores se podia comer, mas da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não. Observe que Deus não diz que não se podia tocar na árvore, mas apenas que não se podia comer: "E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2:16-17).

Assim, quando Eva diz que não podia tocar, estava, sem dúvida, exagerando a regra, aumentando as coisas; talvez, para evitar que até o toque na árvore a levasse a querer comer. Muitas vezes, fazemos como Eva e aumentamos a lei de Deus por medo de que algumas coisas nos levem a desobedecê-lo. O problema maior é quando queremos impor essa lei exagerada aos outros e queremos que eles façam como nós ou então quando criamos regras de usos e costumes e queremos que elas sejam a lei divina para todos. O que é um grande engano.

Voltando para o ponto central: percebemos, no trecho que dá início a essa postagem, que duas coisas podem nos levar a desobedecer a Deus: a primeira, é quando nos permitimos achar que nossa desobediência não terá consequência alguma; a segunda, é quando achamos que sabemos mais que Deus, ou seja, quando achamos que Deus quer nos ludibriar, é um grande enganador e, por isso, não é alguém que devamos obedecer, não devemos seguir o que Ele diz.

Observe que o primeiro argumento da serpente é a de que não seguir as regras não trará qualquer consequência. Esse tipo de argumento é usado até hoje e, por mais velho que seja, tem colado. Muitas pessoas não acreditam na Bíblia enquanto palavra de Deus, mesmo sendo ela o testemunho da veracidade do plano divino para a humanidade. Daí que muitos professam acreditar em Deus, mas não acreditam na Bíblia e, com isso, não querem viver a vida como Deus a dispôs em sua palavra, querem fazer o que acham melhor. É como se as regras fossem bobagens, que de fato não trarão qualquer consequência para quem descumpri-las. Ou ainda, como se o deus delas não tivesse regras, só quer que você seja "bonzinho". No entanto, sabemos, até mesmo pelo comportamento das coisas na natureza, que tudo tem regras, uma lei que os rege. O engano está em acreditar que regras existem para ser quebradas, ou que estamos acima da lei. No entanto, é apenas pelas regras que sabemos o que é bom ou mal. Só faz sentido que exista algo bom e algo ruim, se houver o estabelecimento desses limites por regras. Só sabemos quem ganha e perde um jogo quando conhecermos as regras do jogo. Só sabemos o que é crime quando sabemos a lei. Se ignorarmos a lei em nossa sociedade, ou acharmos que ela não serve para nós, isso não a invalida ou a faz desaparecer: isso nos fará criminosos. Deus não deu vida aos homens e inteligência para que eles fizessem o que bem entendessem: Ele deixou regras e espera que a sigamos. Caso quebremos as regras sofreremos as consequências de nossas escolhas.

A segunda ideia no argumento da serpente está em tentar fazer com que Eva não acredite no que Deus disse, porque, na verdade, Deus não queria que os homens fossem como Ele é, ou seja, Deus estava fazendo uma grande pegadinha. Esse argumento ainda é usado e faz com que as pessoas vejam Deus como um inimigo. Mesmo tendo nos dado a vida e sendo o soberano do universo, esse deus é visto como mal e ruim, alguém que vive nos sabotando e limitando. Muito do argumento ateísta/agnóstico de hoje se funda nesse tipo de ressentimento contra Deus. Acredita-se que o homem é a última coca-cola no deserto e que seguir a regra de Deus é limitar a nós mesmos, é frear nosso potencial humano. A falha desse argumento está em acreditar que o homem se basta e que somos deuses. A Bíblia nos diz que o homem se torna divino ao seguir a lei de Deus, não em quebrá-la, porque até mesmo Deus cumpre com aquilo que diz e segue suas regras. Quando Cristo esteve entre nós, ele fez cumprir com a regra que o próprio Deus tinha criado: que era necessário que sangue fosse derramado para que isso pagasse pelos pecados (a regra era: o salário do pecado é a morte). A lei de Deus é justamente aquilo que potencializará nossa humanidade, que nos tornará semelhantes a Ele em bondade, amor e justiça.

O pecado é aquilo que nos deixa em falta com Deus. Quando quebramos a regra e não seguimos o mínimo aceitável por Deus para o comportamento humano (lei) estamos em falta com Ele e temos de ser punidos por agirmos abaixo do esperado. A punição final, inferno, está dedicada àqueles que decidiram viver abaixo da média de Deus, mesmo Ele passando o bizu da prova. Cristo morreu na cruz para que todos fôssemos aprovados por Deus. É como se Jesus tivesse sido o aluno perfeito que tirou todas as notas 10, mas não assinou as provas e quis perder o ano para que ninguém mais perdesse. Basta escrevermos nosso nome na prova e seremos aprovados com nota máxima. A regra está apenas em continuar indo para a escola e buscar agir como Jesus agiu enquanto esteve aqui. Quem quiser badernar ou praticar o bullying não vai se dar bem! Por isso, siga a regra divina, que prevê consequências ruins para quem não as segue (por ser um caminho para a morte do ser humano) e que nos aperfeiçoa para sermos semelhantes àquele que nos criou.

E qual seria a recompensa para quem segue a palavra de Deus? O que seria o objetivo final do cristão? No próximo post falarei sobre a Vida Eterna e o que ela significa para o cristão.



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