SUITS
A série americana Suits tem feito grande sucesso desde
sua primeira temporada em 2011. Basicamente se trata do cotidiano de uma firma
de advocacia que passa a vivenciar um constante conflito legal, moral e afetivo
com a contratação de Mike Ross – um cara que não frequentou a escola de
Direito, mas que sabe muito sobre isso, e caiu nas graças de um dos sócios
sêniores, Harvey Specter. Diante do resumo, parece mais um programa de
tribunais. Mas a maneira como ele é construído é que chama a atenção.
Considerando que tudo é linguagem, ainda mais no campo do Direito, comecemos
com o título da série: Suits. Esta palavra possui vários significados, como
substantivo e como verbo, em inglês, o que nos permite fazer diversas
associações e imagens. Vejamos, primeiramente significa terno, um tipo de roupa específico, mas pode significar também a
própria pessoa que usa o terno, quando esta ocupa uma posição elevada. Além
disso, pode significar, de maneira geral, traje,
isto é, desdobrando-se em um tipo de roupa para qualquer ocasião, por exemplo:
bathing suit – roupa de banho, chemical suit – roupa de proteção química. Além
dos significados relacionados ao vestuário, a palavra também é usada para
sentidos legais (lawsuits) – processo, petição. E, por fim, podemos citar seu
significado como verbo – adaptar.
Dessa maneira, compreendemos que o termo suit possui uma plasticidade que possibilita
a trama de sentidos vista na série também com as imagens da abertura em que as
partes referidas ao Mike estão em vermelho, e as referidas ao Harvey, em azul,
demonstrando um campo semântico de reprovação e abundância das emoções e
sentimentos no Mike, enquanto no Harvey, tem-se aprovação e predomínio da
razão. Isto segundo certa linha de pensamento. Mas daí para infinitas
percepções é um pulo.
Observando esses aspectos em consonância com o
comportamento de Mike – personagem que de certa forma move o enredo da série –
percebi que o sucesso da série, do Mike, e do próprio ato de advogar (do
Direito) é a manipulação da linguagem. Ou seja, você pode ser o que quiser e
fazer o que quiser desde que saiba o que dizer e como dizer no momento certo!
Isso é uma coisa muito boa na arte, na literatura, nos debates, na política. No
entanto, isso não deve ser uma regra para a vida cristã, uma vez que a beleza e
a multiplicidade da linguagem devem servir para exaltação do nome de Jesus e
para edificação uns dos outros: “Bom é louvar ao SENHOR, e cantar louvores ao
teu nome, ó Altíssimo;” (Salmos 92:1); “Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos
que a ouvem.” (Efésios 4:29).
Assim, não adianta o Mike ser tão inteligente, ter uma
memória gigantesca e usar tudo isso apenas para justificar o seu erro, pois por
mais que ele faça, tudo se torna em vão, já que ele não é advogado de fato. Com
isso, suas habilidades linguísticas só servem para distorcer a essência da
palavra Lei (Direito), que ele aparenta defender, mas que, na verdade, está
todo o tempo a corrompendo e tentando adaptá-la à realidade dele. Pior ainda é
que ele se justifica, agindo de maneira passional – envolvendo-se
emocionalmente com os clientes, com falsa aparência de que se importa com eles
– argumentando que tem boa intenção. Ora, não adianta cometer um pecado com a
justificativa de que estava bem intencionado. Porque o pecado continua sendo
pecado. E a verdadeira intenção do coração se revela na atitude egoísta e
orgulhosa que age sem medir as consequências, apenas para satisfazer a
necessidade pessoal de reconhecimento, de utilidade, de compensação pelos erros
cometidos no passado e no presente.
A maioria das pessoas é como o Mike, despendendo
recursos, habilidades e energias para distorcer a Palavra de Deus e fazê-la se
moldar à suas vontades. Muitas usam o traje (suit) da religiosidade, achando
que pelos seus rituais e repetições vãs se chegarão a Deus (“E, orando, não
useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem
serão ouvidos.” Mateus 6:7) Elas, na verdade, estão cada vez mais se distanciando
do Senhor. Outras usam o traje da ciência, e pensam que por suas teorias e
conhecimentos empíricos terão uma ideia mais clara de Deus, mas Deus é
espiritual, e importa que os que se aproximam dEle o encontrem pela fé (Hb. 11)
e não por seu raciocínio limitado. Alguns ainda acham que assim como uma
palavra (suit, por exemplo) pode ter muitos significados, a Palavra do Senhor
também pode ter várias significações a depender do ponto de vista. Ora, isso
não se sustenta, porque a Palavra do Senhor é “divinamente inspirada” (II Tm.
2:16), portanto, não é de “particular interpretação” (II Pe. 1:20). Ela é
perfeita, fiel, e cheia de sabedoria (Sl. 19:7). Além disso, podemos concluir que nada muda o fato de que o Mike não é um advogado de verdade, assim como nada (nenhuma deturpação da Palavra ou justificativa infundada) muda o fato de que o errado é errado; de que o pecado é pecado. Então, se sabemos que estamos errando, devemos buscar o perdão do Senhor e a mudança de atitude. Pois, se quisermos viver a
Palavra, ela tem que nos moldar e não o contrário. A verdadeira inteligência
está em aprender as palavras do Senhor e segui-las.
Não importa o quanto você consiga driblar, enfeitar ou
manipular a língua portuguesa, inglesa, humana. Não se pode mexer com a Palavra
do Senhor, ela é imutável e infalível (Tito 1:2; Hb. 13:8)!!! Só há um meio de
se chegar verdadeiramente a Deus e viver uma vida plena, real e sem
malabarismos linguísticos, esse meio é Jesus, a própria Palavra encarnada (Jo
1)!! Amém!!!
Muito Bom!! Amém.
ResponderExcluirObrigado, Beatriz! Seu comentário nos anima a voltar a postar! Que Jesus continue te abençoando!
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