JOGOS VORAZES: MOCKINGJAY


      Pessoal, antes que vocês torçam o nariz ao ler o título desse post, achando que lá vem uma menina falando de filmes de “menininha”, peço que deem uma chance ao texto e prossigam na leitura. Pois bem, o terceiro filme da saga Jogos vorazes está em cartaz, o Jogos vorazes: mockingjay – parte 1. E apesar de todas as pessoas que eu conheço que o assistiram terem dito que o filme era “super paradão” e muito sem graça, eu o assisti ontem e curti muito! Curti o filme porque ele foi bem construído – precisamos lembrar que ele é parte de um todo, por isso, não pode conter em si todas as partes de uma vez, de modo que é uma preparação para o que ainda virá, sendo, portanto, bem elaborado em relação à história, aos diálogos, e às emoções provocadas.  Ele é coerente, porque nesse momento há uma tensão, quando grande parte dos distritos decidem se rebelar contra a Capital e não mais aceitar a condição de asssujeitamento. Katniss é obrigada a inspirar o povo a aderir à ação revolucionária, iniciando-se assim, um período de convencimento das massas. Para isso, ela precisou usar seu poder de argumentação, principalmente, por meio das palavras. A comunicação, pois, mais do que o combate em si, nesse momento, torna-se a arma mais poderosa em meio aos jogos vorazes de manipulação e busca pela liberdade. Há cenas bem feitas em que os atores são intensos e demonstram bem os sentimentos próprios de tempos difíceis: desespero, medo, amor, ódio, enfim, os ingredientes necessários para nos fazer refletir bastante sobre questões humanas. 

      Porque, afinal, um filme pode ser muito mais que puro entretenimento e espetáculo, ele pode ser um meio de transmissão de valores e reflexões importantes sobre assuntos que realmente nos tocam. Uma vez que vivemos na sociedade do espetáculo, onde há maior preocupação com a aparência do que com a essência das coisas e das pessoas, muitas vezes julgamos mal, mirando apenas a superfície, ou as margens desnecessárias (como o triângulo amoroso bobo, e, isso, sim, realmente é sem graça, admito e concordo). Mas pensando um pouco mais, a própria palavra essência, no sentido de Platão, vem sendo questionada a ponto de nem ser mais considerada em algumas áreas do conhecimento, como na literatura, por exemplo, em que as coisas têm sido vistas apenas como simulacros (Gilles Deleuze, 1998), nem mesmo como imitação da realidade, mas como representação da representação. Isto é, o filme (a arte em geral) não seria uma cópia do que acontece no cotidiano ou uma tentativa de imitar o que existe no “mundo real” – social, histórico, cultural – antes se configura como uma imagem distorcida, uma representação daquilo que não é real, que já é uma representação, como se não se pudesse saber nunca a origem, ou a essência, de tal representação. Assim, aparentemente – ou como quer nos fazer crer o pós-moderno, em que vigora a sociedade do espetáculo, a vida não tem sentido, é imagem distorcida, simulacro, de algo que nem sabemos exatamente o quê. Da mesma forma, o filme seria apenas um simulacro da guerra, da injustiça social, da ambição desmedida, do amor, da morte, ou seja, de todas as questões humanas representadas. 

      Se considerarmos assim, os Jogos vorazes: mockingjay – parte 1 não passa mesmo de um “filme de mulherzinha”, “paradão” e “sem graça”. Mas deixe-me mostrar um outro ponto de vista. A perspectiva que realmente interessa, a lente que enxerga a essência e não a aparência de tudo, o ponto de vista cristão! Ei-lo, então, a começar pelo nome do filme que ao trazer o nome do pássaro – mockingjay - depois dos dois pontos passa a ter conotação mais ideológica do que de ação de ferocidade física apenas. O pássaro mockingjay, no filme, surge de uma mistura entre espécies – os jabberjays e os mockinbirds – formando essa espécie em particular, os mockingjays, que não possui integralmente a capacidade de reproduzir qualquer língua ou fala que escute, como os pássaros originais – os jabberjays. Esses, devido a essa habilidade, ainda que incompleta, eram usados para ouvir as conversar dos revolucionários e levar informações para a Capital – onde se concentra o poder que escraviza o restante da população. Os revolucionários descobriram essa estratégia e começaram a dar informações falsas. Com isso, a poderosa arma da comunicação permitiu que o plano da Capital falhasse. Percebemos que a comunicação é imprescindível ao ser humano. As coisas que falamos, sem dúvida, têm importância em diversos níveis. Mas como o assunto é amplo, me restrinjo a fazer algumas observações pontuais. Por exemplo, na parábola dos dois filhos em Mateus 21: 28-32, Jesus apresenta um pai que pede algo a dois filhos, um responde que não, mas depois se arrepende e atende ao pedido do pai, o outro, por sua vez, diz primeiramente sim, mas não vai cumprir com o que lhe foi requerido. Jesus mostra, portanto, que as palavras, a comunicação, podem ser muitas vezes apenas aparência, mas não é isso o que Ele vê. Ele vê a essência, vê o coração do homem (I Samuel 16:7), e são esses a quem Ele ouve e com quem Ele se relaciona, e a quem Ele permite que entrem no seu reino: “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.” (Mateus 21:31). Jesus nos mostra que quando falamos algo que não condiz com o nosso interior, estamos sendo mockingjays, ou seja, estamos passando informações falsas, e isso nos faz falhar, cair em pecado, e nos afastarmos dEle. 

      Por outro lado, se esses pássaros inicialmente falharam, foram depois renovados e passaram a simbolizar um grito de inconformidade contra o poder escravizante imposto pela Capital. Eles passaram a simbolizar o desejo voraz contra os jogos de manipulação e repressão, um desejo voraz pela liberdade e por um novo sistema de governo, justo e harmonioso. Pois foi com esse nome e com essa simbologia que Katniss falou ao povo sobre mudança, sobre lutar pelo que realmente importa. Assim também nós cristãos somos renovados pela salvação em Cristo Jesus que nos liberta de todo o pecado, que renova o nosso propósito e que nos faz comunicar o poder que há somente no nome de Jesus (Atos 4:12). Primeiro Jesus veio e anunciou as boas novas, falou ao povo e inspirou profundamente doze homens para serem mockingjays repetindo e divulgando suas palavras, não mais com falsidade e com a incompletude que havia neles, mas com a restauração do Senhor e com a instrução do seu Santo Espírito! Passamos a ser livres verdadeiramente num Reino justo e harmônico, no Reino de Deus! Passamos, então, a ser pregadores vorazes da salvação de Jesus, não com armas em punho, mas com palavras de vida eterna! E com uma vida que mostra a essência do Ser que habita em nós, porque não nos conformamos com este mundo (Romanos 12:1), com esta sociedade do espetáculo, mas nos conformamos ao caráter de Jesus! 

     Assim, a verdadeira ação do filme ocorre em nossas mentes, bem como a verdadeira transformação do homem deve acontecer em sua mente para que deixe a aparência, e enxergue que o conhecimento que verdadeiramente nos liberta é o conhecimento de Deus (Mateus 22:29), e que a verdadeira ação ocorre não no nosso exterior, no que os nosso olhos podem ver, mas no nosso interior (Romanos 7:22) para a honra e glória de nosso Senhor Jesus Cristo em quem temos sempre a vitória! Que possamos, então, ver como Jesus vê e proclamar a sua mensagem em tempo e fora de tempo, “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (I Coríntios 9:16). 

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