O calinho da meia lua
Sabe aquele calinho no dedo que se forma de tanto
esfregar meia lua pra frente e soco? Pois é ainda pior o calinho que se forma
no dedo de quem aperta em todas as setas e letras sem comandos certos, à espera
de um golpe perfeito (quiçá um Hadouken!). Esses calinhos fazem latejar um
misto de sensações entre a dor e o prazer. E a fronteira entre elas é
facilmente apagada quando uma dor se torna prazer e um prazer se torna dor. É
preciso distingui-las para que o calinho não se perca nos desvãos desses
sentimentos
O calor da luta traz à tona a reflexão, sempre
problemática, a respeito de fé e prática. Apertar todos os botões a esmo é
demonstrar fé, confiando que, de uma forma ou de outra, a vitória pode ser
alcançada. Mas, o adversário não vê essa fé, pois ela está escondida na
ausência de uma prática de luta consciente que evidencie a esperança de que a
aplicação de um comportamento adequado garante mais chance de conquista. Por
isso, o adversário efetua seu ataque diante do que vê, minando forças e
instaurando incertezas - o que nos leva à derrota.
Diante disso Tiago tão sabiamente exorta: “a fé sem
obras é morta” (Tiago 2:17). O calinho da meia lua pode incomodar um pouco,
doer, no entanto mirá-lo e senti-lo é saber que ele se formou com um propósito,
e que tem a finalidade de deixar sempre viva na memória as dificuldades da luta
e o sacrifício que dá a vitória. É o espinho na carne; é o espetáculo da vida
cristã em ação de fé! É a consolação das nossas dores e o reflexo da nossa
alegria (prazer).
Portanto, fé e prática devem ser conjugadas, uma não
exclui nem se sobrepõe a outra, as duas são necessárias e se completam em nosso
pensar, falar e agir. Entretanto, praticar a nossa fé é um verdadeiro “Street Fighter”
dia a dia. Não é como se reunir com os amigos para algumas partidas de videogame
num clima de descontração e esportividade, mas é como entrar em um campeonato
mundial cheio de pressão e competitividade exacerbada. Isso pode nos meter
medo, desânimo, passividade e vontade de desistir, mas o calinho que já está
formado em nós está preparado para uma meia lua sempre para frente,
prosseguindo para o alvo, socando as investidas do inimigo, rumo ao prêmio da
“soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).
Sendo assim, não despreze o conhecimento da Palavra
de Deus. Ela é o manual para que você saiba exatamente quais os golpes mais
eficientes e como usá-los a cada luta. Cada luta é uma nova luta, enquanto a
Palavra de Deus não muda, “é viva e eficaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma
e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração.” (Hebreus 4:12). Assim,
felizes aqueles que têm o calinho da meia lua e que apelam mesmo sem cessar
para a prática imbatível da fé sincera e firme – hadouken – hadouken – hadouken
– hadouken – hadouken – hadouken – hadouken – hadouken – hadouken... K.O!
Priscila, que ótima reflexão para nós, meros nerds, cujo único exercício físico é o de friccionar os dedos em um joystick.
ResponderExcluirSim, a vida cristã é exatamente isso: exercitar-se na prática da fé e obras. Sem praticar a fé, não vemos a Deus, nem vemos sua ação em nossas vidas; sem práticar as obras de amor, não demonstramos a presença de Deus em nós e não transbordamos aquilo que recebemos.
O calinho da meia-lua começa em ação de pura fé: "vou conseguir realizar o hadouken!". Com o tempo, e a prática de jogar (as obras) se transforma em certeza de que o golpe será realizado. Depois, o desafio é saber a hora e o momento de soltar os golpes, verificar o momento em que o adversário estará despreparado e, então, lançar o ataque. Por fim, após todas estas etapas, fica o desafio de perserverar na prática para "zerar" os jogos e vencer qualquer desafio.
É claro que sempre haverá mais um "chefão" para vencer na vida. Mais um amigo-adversário que sabe soltar mais golpes que você, a quem você deve se espelhar para ultrapassar. Só a constância e o treino permitirão que se prossiga vencendo as dificuldades e superando os próprios limites.
Essa é a caminhada cristã: amanhecendo, até ser dia perfeito... com o calinho da meia-lua.
Amém! Que Deus nos ajude nessa caminhada árdua, porque pensar e refletir é apenas uma parte do processo. Vamos deixar de tantos discursos e colocar em prática os ensinamentos de Jesus para uma vida verdadeiramente cristã!
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