Luz, Câmera...


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Estou em uma fase "meio azeda". Talvez isso tenha colaborado com a "seriedade" da maioria de meus posts aqui na fraternidade. Mas, como Marco Melífluo pôs em evidência, precisamos manter a ternura, mesmo em face às frustrações. Tem sido um ano difícil pra mim e deixar-me desanimar é fácil. Daí a ideia deste post: é necessário pôr em prática aquilo que aprendemos como, por exemplo no meu caso, o de colocar nas mãos do Senhor toda a nossa ansiedade e aflição. Não é saber isto, é fazer.

Todos que crescemos em uma igreja evangélica fomos ensinados desde criança "nos caminhos do Senhor". Sabemos sobre Jesus, sobre a salvação, sobre os mandamentos do Senhor, sobre a Graça e o Amor (poucas vezes, pra não ficar acostumado)... enfim, todas aquelas coisas bonitas que estão na Bíblia. Mas, desde pequeno, eu me perguntava: "Por que a vida na igreja parece tão diferente do que está na Bíblia?". Sempre me ficou a sensação de que não havia uma correspondência entre o escrito e o vivido; que muitas vezes os discursos pareciam falas de atores apresentando uma peça...

Tenho me preocupado muito com isso. Talvez, o segredo fosse não se preocupar, mas o fato é que isto tem me ocupado os pensamentos. É necessário ser coerente! Precisa haver correspondência! Estou farto de discursos ideologico-religiosos bonitos. Ou, como diria Manuel Bandeira, em um trecho do poema "Poética":

"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente
protocolo e
[manifestações de apreço ao sr. diretor"

Sei da importância do discurso (este texto o que é, senão mais um discurso!). Sei que ele pode e deve ser instrumento que induz a uma prática. Mas também sei que quando não há correspondência, nada adiantam as palavras! Conhecer e reproduzir o discurso religioso-ideológico-cristão não torna ninguém cristão! Ninguém é cristão por conhecer as "escrituras" ou por "representar" bem o papel de cristão. Mas todo cristão erra se não conhece e atua de acordo com as escrituras.

O nosso Grão-Mestre demonstra isso claramente na parábola do pai que chama os dois filhos para trabalhar no campo. Um diz que não vai, mas vai; o outro diz que vai, mas não vai. E fica a mensagem: "Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer." (Mateus 21. 31 e 32).

Dá a entender, ao menos por minha leitura, que Jesus está relacionando arrependimento com mudança de prática e não com mudança de discurso. É melhor não dizer, mas fazer, do quê dizer aquilo que não se faz. Lembrei-me de Han Solo em Star Wars - Uma Nova Esperança, que diz não ter nada a ver com a rebelião e vai embora, após deixar Princesa Léia e Luke Skywalker na lua arbórea de Yavin IV. Mas, depois, quando a batalha está quase perdida, ele reaparece para auxiliar a Aliança Rebelde na destruição da Estrela da Morte. Embora fosse um mercenário, ele provou seu valor por seus atos, não por seu discurso.

O mestre diz que prostitutas e publicanos entrarão primeiro que nós no Reino, caso não assumamos esta mesma postura. Eu, por mim, estou buscando incessantemente viver a premissa da coerência entre falar e agir (muitas vezes buscando até não falar, apenas agir "nos conformes"). Pois Cristo nos disse que "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna" (Mateus 5. 37 ARA). Isto porque não devemos atuar, mas agir.

Comentários

  1. Por muito tempo, muitos de NÓS cristão (dou ênfase ao "nós", pois muitos falam do erros dos cristãos como se não o fossem)deram mais atenção a aparência do que a essência. Frases como "cuidado com a aparência do mal" foram levadas tão ao pé da letra que muitos esqueceram de ter cuidado com o mal em si, sútil, nem sempre aparente. Tentamos passar ao mundo uma imagem de infalíveis que não corresponde a realidade. Nós cristão somos tão falíveis quanto qualquer outro. Apenas uma diferença existe em aquele que crê e o incrédulo : a disposição para arrepender-se. E o que significa arrepender-se? Não é uma mudança de mente que se reflete em ações?
    Hoje somos cobrados com relações a nossas ações. Quando um crente comete um pecado, diferentemente do que acontece com, por exemplo, um católico ou um espírita, ele é logo questionado com relação a sua fé: Mas vc não é crente?
    Desejo ardentemente que nós cristãos, posssamos passar ao mundo uma imagem que corresponda a realidade: Somos falíveis e queremos a humildade de admitir isso e buscar em Jesus Cristo, nosso salvador, o perdão dos pecados.

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  2. Perfeito, brother.

    É o mesmo que quero. Não quero "parecer" santo. Quero ser santificado (que é um processo ininterrupto até que venha "o que é perfeito").

    Não quero discursar. Quero agir de acordo com minha consciência em Cristo. Não quero me condenar naquilo que aprovo. Quero ter minha consciência aperfeiçoada até o dia de Cristo.

    Sou pecador e me aproprio no que há de bom do soneto de Gregório de Matos (fora, é claro, a maravilhosa forma literária!):

    "Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
    Da vossa piedade me despido,
    Porque quanto mais tenho delinqüido,
    Vos tenho a perdoar mais empenhado.

    Se basta a vos irar tanto um pecado,
    A abrandar-nos sobeja um só gemido,
    Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
    Vos tem para o perdão lisonjeado.

    Se uma ovelha perdida, e já cobrada
    Glória tal, e prazer tão repentino
    vos deu, como afirmais na Sacra História:

    Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
    Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
    Perder na vossa ovelha a vossa glória."

    E digo o mesmo: Sou pecador, mas não é porque peco que vou me distanciar ainda mais da piedade de Deus. Antes, Ele nos chama para perto dEle, para nos limpar e nos curar. Porque Ele é amigo de publicanos e pecadores... como eu.

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  3. Um excelente texto. E muito simples também em seu teor e forma de explicar. Mas cercado de um contexto complicado, infelizmente.

    É exatamente a realidade descrita no presente texto que torna a fala sobre este assunto tão delicada. Ainda assim gostei muito da forma escolhida pelo WesMaster para tratar deste tema.

    A facilidade existente para falar sobre qualquer tema me incomoda sobremaneira, a ponto de me deixar até mesmo sem vontade de manifestar algumas humildes reflexões sobre determinados assuntos quando eles não estão cercados de uma lógica argumentativa capaz de superar uma crítica avaliação "metodológica".

    Não tenho dúvidas que aquele que faz consegue manifestar muito melhor seu ponto de vista em comparação com aquele que apenas fala, mas ainda assim é intrigante como o ser humano é capaz de julgar outros com absoluta facilidade (diante de preceitos que sequer utiliza na prática) e de se eximir de qualquer culpa com a mesma rapidez.

    Um tema complexo e delicado. Espero que tenhamos outra oportunidade para abordá-lo longe do sensacionalismo que cerca o meio cristão, especialmente na internet.

    Parabéns, nobre WesMaster!

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